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Criogenia: a Busca Pela Imortalidade

Sobre o Desejo de Viver e a Esperança em um Futuro Melhor

Nós todos sabemos que vamos morrer.

De um jeito ou de outro, cedo ou tarde, ao pó voltaremos; ou não, se levarmos a criogenia e outras pesquisas em consideração.

futurama fry frozen

Como pode ser acordar no futuro, após ser “congelado”?


     Principalmente, porque muitos cientistas já começam a levar a sério a possibilidade de primeiro, estender a vida e depois, talvez; estendê-la indefinidamente.

     Quanto a estender a vida, estamos vendo isso no cotidiano, ainda que boa parte dos novos tratamentos sejam caros demais.

     Porque a avalanche tecnológica começa cara, restrita a um punhado de afortunados, mas, eventualmente, se populariza e enfim, se torna acessível.

     Pense nas cirurgias laparoscópicas.
     Vinte ou trinta anos atrás, eram raras e caras, mas, seguras e menos invasivas que os métodos tradicionais.

     Hoje, após poucas décadas, o conhecimento e o equipamento necessários, foram difundidos e barateados, a ponto do próprio SUS começar a utilizar a técnica. (1)

     E não é por bondade, mas, por economia.
     Uma cirurgia tradicional tem um tempo médio de recuperação maior e portanto, custa mais em tempo de internação.

     Isso, para não falar nas possíveis complicações, como infecções hospitalares.
     Em suma, tecnologias melhores se impõe como padrão ao longo do tempo.

     E isto é uma regra pouco discutível.
​     O que é discutível, sempre, é o futuro de cada tecnologia e até mesmo, se chegaremos a desenvolver algumas delas.

Rápida introdução sobre a criogenia


     É nesta ponta que chegamos a questão da imortalidade ou, ao menos, à discussão de suas possibilidades, dentro de um tripé científico.

    Primeiro, temos a medicina em si que, como dissemos, evolui constantemente, estendendo a expectativa de vida geral, mas, não tem a imortalidade como objetivo.

    Segundo, temos a busca pela extensão indefinida da vida, cujas pesquisas se concentram em áreas da criogenia, como a criobiologia ou, na suspensão das funções corporais. (2)

    Em terceiro, temos o problema da vida no espaço e principalmente, das viagens espaciais de longa duração.

    A medicina em si, é o ponto menos interessante deste tripé, porque dentro do cenário atual, trata-se apenas de testar novos métodos, disponibilizá-los e continuar melhorando.

    Não há exatamente nenhuma pergunta interessante neste processo, a não ser: até que idade conseguiremos estender a expectativa de vida?
     Cem anos?
    Já estamos muito perto disso.


    Duzentos?
    É possível.

    Mas, não há um objetivo específico.
    Simplesmente continuamos evoluindo e descobrimos na prática. (3)

    As outras duas pontas do tripé, por outro lado, são muito mais interessantes, mas, não estão tão relacionadas quanto aparentam.

    Quem chamou a atenção do grande público recentemente, para esta discussão, foi a Netflix, com a adaptação de Altered Carbon e sua estratégia de marketing. (4)



     A premissa número um da série, está centrada na possibilidade de conservar corpos humanos através de processos específicos da criogenia para depois, reanimá-los.

     A segunda premissa, está na possibilidade de armazenar a consciência digitalmente e transportá-la para qualquer corpo, mesmo que não seja o “hospedeiro” original.

     Estas duas premissas levantam várias questões éticas, morais e filosóficas, mas, principalmente, levantam uma pergunta: será possível?

     Para não gastar muito tempo com divagações éticas ou morais, vamos nos concentrar, inicialmente, em um aspecto filosófico.

     Imagine uma pessoa viva e saudável.
     Se podemos transportar a consciência de uma pessoa morta, certamente, podemos copiar a consciência desta pessoa, ainda viva.

     Então, fazemos o upload e colocamos não em outro corpo, mas, em um computador, apenas com um rosto construído em 3D na tela (esta seria a parte fácil).

     Agora, vamos imaginar que colocamos o indivíduo ainda vivo, para conversar com esta versão digital de si mesmo.

     Por um lado, enquanto vivo, este indivíduo sabe que aquela consciência não é ele, porque continua ali, então, como “ele” poderia ser aquele “outro”?

     Por outro lado, o que aconteceria se esta consciência (supondo que não enlouquecesse ao se ver presa em um computador), parecesse muito real?

     Vamos nos aprofundar um pouco nesta ideia.
     Digamos que este outro “você”, comece a falar sobre coisas que só você pode saber e sentir, da forma como você falaria.

     Digamos que comece a chorar ou se sinta amedrontado.
​     Pior, digamos que você comece a se sentir amedrontado, diante de uma versão tão realista de si mesmo.


Michio Kaku: será que você é você?


     Em outras palavras, aquele outro “você”, é você mesmo?
     E se você já estiver morto, o problema estará automaticamente resolvido?

     Altered Carbon e boa parte da ficção científica, fazem parecer que sim, mas, qualquer cientista sério é obrigado a admitir que não sabemos a resposta.

     Podemos testar, podemos imaginar, mas, não temos como saber, acima de tudo, porque a confirmação final de uma pessoa é ela mesma: só pode ser dada por ela e para ela. (5)

     Isto é um pouco confuso e certamente, quanto mais nos aprofundamos, mais confuso fica, por isso, em termos simples, no âmbito da criogenia, a questão foge da consciência.

     Neste exato momento, ao que se sabe, existem apenas três instituições capazes de “congelar” e armazenar seres humanos. (6)

     Destas, apenas duas são abertas ao público que, claro, puder pagar pelo serviço, que se divide em: cabeça e corpo inteiro.


Documentário curto sobre como é feito o processo atualmente


     Sim, por um preço relativamente mais em conta, é possível preservar apenas a cabeça de um ser humano.

     Isso pode parecer loucura, mas, de um ponto de vista estritamente cotidiano, a criogenia em si mesma, já parece loucura.

     Atrai aquele tipo de descrença que diz: “isso não existe e nunca será possível”.
     E na outra ponta, envolve a ideia de crença e esperança.

     A crença em um futuro melhor, onde a medicina será avançada o suficiente para curar as doenças de hoje.

     E a esperança de que a tecnologia evolua o suficiente para conseguir reanimar um ser humano que, para todos os efeitos, já está morto.

     Neste cenário, a consciência é o menor dos problemas, principalmente, se considerarmos as alternativas.

     Que seria feito do seu corpo (e consciência), se não fosse conservado através da criogenia?
     Seria enterrado para apodrecer ou, seria cremado.

     Em ambos os casos, não há nenhum retorno possível.
     Ainda que alguém morra no mar ou no espaço, ser atirado a estes ambientes garante exatamente o mesmo fim: sem retorno.

     A criogenia, seja na forma da criopreservação ou, da criobiologia, por outro lado, além de qualquer esperança vazia, se baseia em resultados modestos, porém consistentes.

     Para começar, algumas técnicas de resfriamento corporal (ou de órgãos) já são utilizadas pela medicina em alguns casos.

     Mais especificamente, em estados induzidos de hipotermia controlada, para retardar os efeitos da doença ou condição, que está matando um determinado paciente. (7)

     Além disso, conhecemos vários organismos capazes de hibernar e um punhado de outros, capazes de sobreviver ao congelamento. (8)

     É claro que não é fácil reproduzir isso em seres humanos e também, não devemos esperar nada muito impressionante nos próximos avanços.

     O primeiro passo da criogenia ou mais propriamente, da criobiologia, deve ser conseguir “congelar” e reanimar um pequeno mamífero.

Os Clones de Homer

Pouco tempo atrás, clonar um ser humano era impossível, hoje, é uma questão mais ética do que técnica


     Provavelmente, um ratinho de laboratório que será imediatamente reconhecido como a “nova Dolly”, mas, daí a reanimar seres humanos, há um longo caminho. (9)

     A menos que a opção preferida da NASA e outras agências espaciais se torne possível antes, através da suspensão das funções corporais.

     Ou seja, através da indução de um estado de hibernação por tempo indeterminado, sem prejuízo a saúde ou a consciência de um ser humano. (10)

     Como ambas as possibilidades ainda são especulativas, com base em pequenos avanços nas pesquisas de laboratório, temos apenas duas coisas a fazer.

     Nos divertir com a possibilidade em séries de ficção científica ou, caso entendamos que não há muito a perder, nos “congelar” na esperança de um futuro melhor.

     E se quem for reanimado no futuro, não formos exatamente “nós”, ao menos, teremos a esperança de que alguém como “nós” veja o futuro. (11)

Notas e Referências:
(1) Apenas para um vislumbre da laparoscopia como opção cirúrgica, ver:
https://www.sbcbm.org.br/a-inovacao-da-cirurgia-laparoscopica/
(2) Para simplificar a questão, trataremos da criogenia de forma genérica, mas, há subdivisões internas a disciplina científica e os termos mais corretos seriam criobiologia e criopreservação, porque o termo exato “cryonics”, não tem uma tradução apropriada em português. Sobre as divisões do campo, ver:
https://futurism.com/images/all-about-cryogenics-infographic/
(3) Como pode ser visto neste gráfico simples, com informações do IBGE, para o caso brasileiro:

http://www3.pucrs.br/pucrs/files/adm/asplam/Aevolucaodaexpectativadevida.pdf
(4) Mais informações em: http://www.imdb.com/title/tt2261227/
(5) A consciência e a autoconsciência, constituem discussões muito antigas, que abrangem diversas áreas do conhecimento e portanto, não há como oferecer apenas uma ou duas fontes a respeito, para definir estes conceitos. Ainda mais, considerando que estamos desenvolvendo a Inteligência Artificial, neste exato momento e isso cria inúmeras outras questões, dentro destes mesmos campos.
(6) Duas nos Estados Unidos e uma na Rússia, sobre a qual não temos muitas informações. Sobre as duas americanas, ver:
http://www.cryonics.org/
http://www.alcor.org/
(7) Um pouco sobre o assunto (e outras questões relacionadas), em:
https://motherboard.vice.com/en_us/article/78kv3a/a-brief-history-of-cryosleep
(8) Ver artigo da nota 7.
(9) Talvez não seja necessário lembrar, mas, tratamos do primeiro clone bem sucedido, que também levantou questões éticas, morais e filosóficas, em sua época:
https://www.ufrgs.br/bioetica/dollyca.htm
(10) Novamente, ver nota 7.
(11) Caso queira saber mais sobre o procedimento e talvez, se juntar as pessoas já “congeladas”:
https://nypost.com/2017/01/17/145-frozen-people-are-waiting-to-be-resurrected-in-the-arizona-desert/
https://www.vice.com/en_us/article/bmdjkq/would-you-pay-dollar80000-to-freeze-your-head-if-it-meant-you-had-a-second-shot-at-life
Alternativamente, pode ver os vídeos do próprio Cryonics Institute, em:
https://www.youtube.com/channel/UCO0aZT-j0eOaiD-TBmRxYnw


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