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Quem são os Navy SEALs?

Sobre Ares, Mares, Florestas e Forças Especiais com Tempero Tecnológico

Navy Seals na água.
“Por tempos, analisei a visão de meu Rei acerca da vitória.
E o tempo provou que suas palavras eram sábias.
De um grego para todos os gregos, espalhem a palavra:
que o bravo Leônidas e seus trezentos, tão longe de casa,
dispuseram de suas vidas, não apenas por Esparta, mas,
por toda a Grécia e pelos ideais que nossa nação cultiva.”


                                                                     Tradução livre de trecho da obra 300, de Frank Miller.

     Já tratamos há pouco, em outro texto, sobre as forças especiais americanas e lá, dissemos que a ideia de formar pequenos grupos de combate especializados em certos tipos de missão é, provavelmente, tão antiga quanto a guerra e a própria humanidade.

     O que não dissemos, é que da ideia à perfeição, há uma grande distância; neste caso, de milênios e mesmo no contexto do breve século XX ou, agora, com as portas do terceiro milênio abertas, esta perfeição ainda é um sonho, que corre o risco de jamais se realizar.

     Primeiro, porque forças especiais, raramente são criadas a partir de um planejamento meticuloso, mas, como uma resposta a necessidades prementes e é possível que os Navy SEAL´s sirvam bem, para esboçar este raciocínio.

     No início, durante as invasões costeiras da Segunda Guerra Mundial, os americanos acreditavam que precisavam de uma força especializada, para “limpar” as praias, antes do desembarque massivo de tropas.

     Naquele momento, estas forças especiais ainda não eram chamadas SEAL´s, embora atuassem a partir do mar (SEA), para liberar faixas costeiras de minas e obstáculos (Land). (1)

     Uma vez cumprida esta etapa, atuavam no restante da operação de desembarque, praticamente, como tropas regulares de invasão e ocupação, até serem reempregadas em outro desembarque.

     Ainda que as técnicas e equipamentos tenham se aprimorado, a situação daquelas forças especiais não se alterou muito nas duas próximas guerras, da Coreia e do Vietnã, mas, nesta última, a sociedade americana mudou.

     Isso ocorreu por vários motivos, mas, também, porque Hitler era um alvo compreensível para toda sociedade.
​     Os vietcongues, eram apenas guerrilheiros de um “país selva”, cujo principal produto de exportação parecia ser os corpos de soldados americanos.

Soldados em sacos para cadáver.

A imagem dos “sacos pretos” fere a sensibilidade pela quantidade, mas, também, quando o conteúdo ganha uma face visível


     Mas, não estamos negando a compreensão do povo americano do chamado “perigo vermelho”, ao contrário, estamos dizendo que diante dos sacos pretos, era difícil entender a vantagem escondida em uma possível vitória no Vietnã.

     O que de todo modo, parecia cada vez menos possível.
     Em outras palavras, os americanos médios, pararam de olhar para a selva, e começaram a prestar atenção nas árvores e talvez, esta seja uma analogia interessante para continuarmos.

     Quando olhamos uma selva ou floresta de cima, vemos um todo coerente, mas, quando prestamos atenção a cada árvore individualmente, a coerência do todo se desmonta, porque a ilusão do padrão se desfaz.

     Traduzindo: compreender a importância para o governo americano, de combater o “perigo vermelho” é olhar a floresta; o grande tabuleiro da geopolítica mundial.
     Compreender cada saco preto, individualmente, é perceber a realidade, além da cortina ideológica. (2)

     Deste movimento, se desenvolveu uma ideia mais ou menos assentada no senso comum, de que a função das forças armadas americanas era justificar as guerras em que participaria, vencê-las e ainda, não perder soldados.

     Justificar uma guerra é uma tarefa quase impossível nos dias atuais, vencê-la depende de fatores com os quais, os americanos parecem saber lidar, mas, não perder soldados, é impossível. Exatamente, como Leônidas percebeu nas Termópilas.

     De qualquer forma, os anos 1970 e principalmente, os 1980, deslocaram os principais conflitos para o Oriente Médio e a África e a verdade é que, a sensibilidade ocidental genérica, não alcança (ainda), o sofrimento humano nestas regiões.

     Sendo assim, justificar as intervenções americanas e vencer as guerras eventuais, não era exatamente um problema, mas, perder soldados, continuava sendo. Principalmente, após 1985, quando o “demônio” soviético, perdeu os dentes e o apetite.

     Curiosamente, pouco antes disso, encontramos os Navy SEAL´s, já bastante reformulados, fazendo jus ao nome completo, por operarem em mar (SEa), ar (Air) e terra (Land) graças a incidentes ocorridos em uma operação antiterrorista, com apelo midiático.

     Uma revolução havia acabado de tomar o Irã (ironicamente, território da antiga Pérsia, contra a qual, Leônidas dedicou seu sacrifício) e na passagem de 1979 para 1980, mais de cinquenta pessoas foram feitas reféns na embaixada americana, na capital Teerã.

     O plano do governo americano era empregar SEAL´s, com o apoio de outras forças especiais aerotransportadas, mas, alguns helicópteros tiveram problemas técnicos, soldados americanos morreram e a operação foi abortada. 

     Este fracasso é considerado como um dos motivos para o fim da era Carter nos Estados Unidos, mas, também, é o momento fundador da concepção moderna de forças especiais, dentro da estrutura militar e governamental americana. (3)

Passadas décadas, os americanos ainda procuram as pequenas vitórias dentro do fracasso em Teerã


     Este foi o verdadeiro momento de nascimento dos Navy SEAL´s Team Six e também, da criação de um comando unificado de operações especiais, denominado SOCOM (Special Op´s Commando), seguido da criação do NSWC (Navy Special Warfare Command). (4)

     Como dissemos no início, a necessidade e a prática, fizeram surgir uma nova estrutura militar dentro da qual, os Navy SEAL´s se tornaram a principal ponta de lança das intervenções americanas.

     O SOCOM pretendia ser uma espécie de “cabeça” móvel, que podia se adaptar e construir seu “corpo”, com várias outras partes das agências de espionagem e inteligência, utilizando as forças especiais como seus “braços e pernas”.

     No início, esta estrutura ainda pensava os comunistas como seus inimigos, mas, os eventos do final da década de 1980 provaram que a maré do mundo, puxava para outras direções, com o terrorismo e outros interesses assumindo o protagonismo.

     Neste novo cenário, haviam duas possibilidades para o emprego do Team Six: como peões avançados, dispostos ao sacrifício, no tabuleiro de operações militares de larga escala, como na segunda invasão do Iraque. (5)

     Ou, como peões avançados, igualmente dispostos ao sacrifício, no tabuleiro dos interesses políticos americanos.
​     Eventualmente, em uma ou outra missão, encontrando os nobres ideais dos fundadores de sua pátria; em outras, apenas como peões.

     Mas, tudo isso, observa a floresta, não as árvores ou, neste caso, os “peões”, que são dedicados, bem treinados e relativamente mal pagos, para cumprir suas tarefas, independente de suas opções políticas individuais. (6)

     Afinal, seguindo o pensamento popularizado pelo conhecido Capitão Nascimento: “missão dada, é missão cumprida”, o que não invalida a segunda parte deste mesmo raciocínio, de que as vezes, “dá merda”.


Òculos de visão noturna de quatro tubos.

Por mais treinados e bem equipados que sejam, o sucesso ou fracasso dos SEAL´s está diretamente relacionado ao planejamento cuidadoso das suas missões


     Principalmente, quando há falta de planejamento, coordenação e objetivos claros, o que, de qualquer forma, constitui uma responsabilidade que dificilmente poderia ser imputada aos SEAL´s.

     Neste quadro, há uma última curiosidade, que talvez, seja a pedra de toque deste argumento: o fato do Team Six, ser composto por aproximadamente 300 soldados de elite, escolhidos entre a elite da marinha americana. (7)

     Algo que, claro, é apenas uma coincidência inspiradora para a citação de abertura deste artigo, mas, inspira o pensamento de que, diante das inúmeras vitórias das quais não temos conhecimento, até mesmo as poucas derrotas dos SEAL´s, são vitórias.

     Porque fortalecem seu funcionamento tanto quanto, são capazes de servir como uma mensagem poderosa, da sua capacidade de sacrifício.
     Embora, para sermos justos, ainda seja preciso olhar uma última vez para a “floresta”.


     Porque muito além da sensibilidade americana para a contabilidade dos “sacos pretos”, aparecem as novas tecnologias e suas opções para novos tipos de operações especiais, durante as intervenções militares.

     Os drones são a face visível deste futuro breve, mas, há muito mais acontecendo nos porões do Pentágono e da Casa Branca.
     Por isso dissemos que, talvez, as forças especiais jamais atinjam a perfeição almejada há décadas ou, séculos. (8)


     Tanto porque a tecnologia sempre empurra este objetivo para uma fronteira desconhecida, mais adiante, quanto porque pode, em algum momento nebuloso deste mesmo futuro, substituir por completo os fabulosos 300 dos Navy SEAL´s Team Six.

Notas e Referências:
(1) Há várias fontes possíveis para a história das forças especiais americanas, mas, várias partes deste artigo, levam em consideração este documentário:
https://www.youtube.com/watch?v=HLvlOC6t_iQ
(2) Não é a toa que Hollywood produziu tantos filmes clássicos sobre os traumas do Vietnã, ainda que hoje, esta percepção esteja um pouco embaçada pelo passar do tempo:
http://www.imdb.com/search/keyword?keywords=vietnam-war%2Canti-war&sort=moviemeter,asc&mode=detail&page=1&ref_=kw_ref_key
(3) A história completa, claro, é muito mais complicada do que isso, mas, a centralidade do evento para a reformulação das forças especiais americanas é bastante aceita e repetida, como pode ser visto em:
https://www.rferl.org/a/osama_bin_laden_who_are_navy_seals_team_six/24093647.html

https://www.military.com/special-operations/navy-seals-missions-and-history.html
https://usatoday30.usatoday.com/news/washington/2010-09-17-iran-hostages-jimmy-carter_N.htm
(4) Sobre o funcionamento destes órgãos, ver:
http://www.socom.mil/
http://www.public.navy.mil/nsw/Pages/default.aspx
(5) Ver referências da nota 3.
(6) O salário pode parecer alto quando comparado a realidade brasileira, mas, no contexto americano, é baixo. Algo sobre o assunto em:
https://exame.abril.com.br/carreira/membros-do-seal-team-6-que-matou-bin-laden-recebem-cerca-de-us-50-mil-por-ano/
(7) Ver referências da nota 3.
(8) Se quiser visualizar do que estamos falando, este vídeo é um bom começo:
https://www.youtube.com/watch?v=Wze8zVqhU64
​

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